Maria das Dores Pereira Alcântara, de 64 anos, a Dora, fundou a Associação Grãomogolense de Artesãos, a AGA, em 1996. Ela fazia visitas domiciliares e se deparava com o artesanato dos moradores. Ao descobrir que, ao migrar da zona rural e ficar sem acesso à matéria-prima, a maioria deles deixara de lado o artesanato, Dora percebeu ser possível ajudar as famílias a minorar o problema do desemprego. Determinada, ela convenceu alguns a montar a associação.
O início não foi nada criativo: a produção era apenas de crochê e panos de pratos, mas em 2005, depois de o Sebrae-MG e a Secretaria de Turismo de Grão Mogol firmarem parceria, implantaram Programa Sebrae de Artesanato. Mas era necessário ter um mínimo de 20 artesãos e não havia. Dora, a duras penas, conseguiu esse número ao juntar aos de Grão Mogol artesãos de Botumirim e Dom Colares, comunidades vizinhas. Após avaliação, uma equipe do Sebrae, composta por consultores de design, gestão e comportamento, fizeram a identificação vocacional local e as capacitações. “Desde então, eles criam, recebem orientação e com as dicas aprimoram suas peças”, diz Wiviany Freitas Mendes, analista do Sebrae-MG em Montes Claros.
Foram oito meses de cursos em que foram
transmitidas instruções sobre comportamento, gestão dos negócios,
administração, participação em feiras e vendas. A tradição e a história local
foram valorizadas. Foi assim, apostando na cultura, que os associados da AGA
deram passos importantes e saíram do pano de prato para produtos com aprovação
nacional e internacional.
Em 2007, os artesãos passaram a fazer pesos para
porta e papel, flores, cestos e enfeites de mesa e parede, além de modelos de
almofadas e mantas, porta-talheres e jogos americanos. O próximo passo da AGA
foi a participação em feiras. Na primeira, ainda em 2007, os pesos em forma do
cacto mandacaru agradaram os representantes da Tok & Stok e após
aperfeiçoamento da peça, foi fechado um acordo de produção exclusiva. A rede de
lojas ainda encomendou dois modelos diferentes de flores decorativas feitas de
palha de milho, além de pesos para porta e papel com a Flor Canela de Ema.
O pedreiro Antônio Edgar Pereira começou a produzir
artesanato e não quis mais parar. Sua primeira peça fez sucesso: foi uma
casinha toda em pedra, que cabia na palma da mão. Desde então, ele reproduz,
colando pedras de arenito, edificações históricas de Grão Mogol construídas por
escravos no século XVIII. O artesão também cria presépios e fontes. Algumas de
suas peças ficam expostas na Casa de Cultura da cidade e na Loja do Artesão,
que também as expõe nos eventos da cidade e nas feiras de artesanato. Pereira
recebe encomendas do Brasil e até da África do Sul e Espanha. “Fiz um cálice
para um arcebispo, que o presenteou ao Papa”, confidencia.
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